A corda do violão

Marlene Inês Kuhnen
edição 11

Prata incendiando a luz do cais
Que em noites franzinas escutava
O eco de gritos sangrentos...
Era pelo mar, pelo mar
invadiam calçadas disformes
E mandavam informes, vestidos em seus uniformes sem cor
Em punho, lanças brilhavam ofuscando
A luz que dormia em silêncio a guardar
A sorte dos olhares arregalados e distraídos

Eram corpos espalhados

Eram vampiros que de súbito vinham sugar meu ar,
Acordava em cóleras
A janela - corria a olhar para ver a cor do mar...
Lilás?
nem o fogo brilhava nas ondas
ofuscado
pelo sabor da dor

O parto, estava no início
Gemidos quase imperceptíveis
Latente, batia, batia...
Uma mão pousou em minha janela

Sem dedos seus anéis brilhavam
Para ninguém mais, ninguém
Não havia...

Sorrisos mordidos
Piscavam das bocas
Sem voz
Engolia seca a fumaça
Sem gosto, sem manto

De repente, as calçadas vazias
- e o ar
No sangue daquela espada
Prateava as curvas da água do mar;

18/04/08

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