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Luana Tezza
edição 11

Escrevo o que é fra g mento,
O que se dissolveu ou nunca foi inteiro.
Escrevo momentos,
Me inscrevo no espaço.

Sem voz
Escrevo infância tardia,
Velhice passada.
<Vozes> <vozes sem asas>.
A voz.
Avos.
Como o sintoma (e arroto).
Saudades do espaço vazio
Sem voz.
(Sintoma, saint homme
Sinto homem, fant-oh-mém!
Saudades da Voz. Fantasma da Avó).

Eu esfarelada faço Letra.
Num instante sou sensação
Silenciosa.
Sou evento da lingüística
E dela reivindico a minha ausência
(engo-Lida).

Anos antes
Prisioneira de vozes
Lembrarei da minha morte
Vestida

Num ato
Deixei-me

Morta,
Menos nua.
Póstuma,
Deslumbro minha morte vivida.

Eu já tanto,
Pesquiso o meu sumiço.
Descrente, escrevo.
Minto e emendo – descrevo.

Cansada de tanto eu,
Inscrevo o frade e emendo o ato.
Fra g mento, é verdade.

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