Eu procurava Darwin

Luana Tezza
edição 9

Houvesse ainda tempo, escreveria sobre a estrela mais torta e escura, a mais vazia e nula, a mais linda estrela do céu.
Houvesse ainda tempo, te amaria na rua, na esquina mais crua, numa madrugada de inverno, a mais fria e úmida.
Houvesse ainda tempo, chamaria o vento, o faria desfilar por entre teus cabelos escuros e duros, os mais crespos do mundo.

O tempo de menino, de travessura, o tempo em que havia tempo...
Hoje, eu me tornei o tempo.
E não há mais nada.

Atrasado para o juízo
Cruzei a noite, pulei o destino.
Toda vez que ventava, eu procurava Darwin.
Nas madrugadas frias, querias poesias
(Teoremas) Eu lia.

Não há tempo, não houve tempo.
O tempo que eu fui só teve tempo de voar.
Do alto, um ato: lembrei de escrever sobre a estrela torta, a mais linda estrela do céu.

“O tempo é ainda teu!” – ela leu.

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