Everaldo Ygor
edição 11
As letras guardadas são estáticas, quando aparecem estão disfarçadas de novas, mas são velhas como o alfabeto todo. Ao sonhar com as linhas, seguidamente ausentes, aguçam a ansiedade, o medo de não escrever novamente, então noite adentro espero, espero, espero por uma nova criação, uma idéia que não seja cópia de outra, a inspiração dos dias que não mais vem... Que não seja vácuo, nem ponto infinito, e sim uma poesia desenfreada, devaneio louco vivido na imaginação do corpo, da mão, das linhas... Na cabeça, no corpo, na sombra, na luta, na letra extinta. E o vento da não criação despe-me aos teus olhos. Espero uma palavra nova, para compor poesia, escrever em espaços nulos, e as letras, onde estão, nos bares, nas esquinas, nos livros... São envolventes, podem Ser relidas de dia ou de noite, no frio, no calor da embriagues... Palavras, versos com ou sem métrica, vazios imensos, sons & cores que trafegam em mãos tremulas, em visões turvas... Desvendando lugares, criando mundos, buscando cercanias desconhecidas.
Demoram para surgir, e penetram disfarces dentro da alma. Formam até labirintos incoerentes, e assim as letras todas trancadas nas espirais de angustias plenas... É possível sentir a Dor das linhas apagadas, não escritas, não criadas... Uma frase alucinógena, uma infâmia qualquer, a incompreensão dos dias, das folhas e seus agentes... A mão ao escrever provoca sombra, cria-se então as trevas da escrita, cavalgando boca adentro... Espero ainda o bailar pleno e surreal das letras, vai manifestar uma faísca contida, primitiva, agressiva até, disfarço-me e assim volto a escrever... Uma trilha de alma vazia, deixando passos de solidão em estrofes breves. Dentro da boca, dentro do coração, nas veias correm pequenas letras, símbolos, sinais, quando no coração formam palavras novas/velhas...
Fevereiro até Agosto de 2008.
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