Passeio à sombra

Tiago Vieira Perretto
edição 7

Passo a passo pela vida segui os passos de meus antepassados. Sucedo-os sem sucesso, pois seus passos deixaram marcas que aos meus não servem: meus pés não lhes cabem nas pegadas – profundas e grandes demais. Triste sina das nódoas que embaçam o rutilar dos luminares.

Em passos pequenos e tardígrados que a mim não agradam, mas são os únicos que me servem, caminhei tardívago pela vida vespertina na qual o sol tardio estica minha sombra sem agigantar o traço dos meus passos, e rememoro à vera a vereda – trilhada em falseio – para entender que não passei do passado, cujo esteio assombra meus passos sem futuro.

Sou penumbra na sombra de vultos e não deixei a minha por onde passei. Muitos foram os embaraços dos meus passos dados à sombra do que foi e que sei: não fui.

Pois não tenho o brilho das sombras.

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